ETIOLOGIA

A miíase, ou bicheira (nome popular), é uma infestação de larvas de mosca que ocorre principalmente em animais mantidos fora de casa, e animais que se mostram incapazes de fazer sua higienização ou por serem idosos ou por estarem enfermos. Além disso, animais com enterite e contaminação perineal também são vítimas. Os agentes etiológicos dessa doença são moscas pertencentes a espécies dos gêneros Cuterebra, Calliphora e Sarcophaga. Os califorídeos depositam seus ovos em aglomerados, nas lesões cutâneas úmidas, já os sarcofagídeos depositam larvas diretamente sobre a pele. As larvas provocam destruição da pele, escavam tecido cutâneo e migram para os locais corporais preferidos. As áreas geralmente envolvidas incluem a região cervical ventral e as regiões inguinal do quarto posterior e axilar.

A incidência é mais alta no verão e no outono.

SINAIS CLÍNICOS

Os animais podem apresentar dor, relutar em se mover ou claudicar.

No exame clínico, encontram-se presentes um ou mais inchaços subcutâneos firmes e fistulados. Frequentemente se observam as larvas na fistula, circundadas por tecido necrosado. Na disposição dos ovos ou larvas de moscas nas lesões cutâneas úmidas, comumente está presente uma ferida aberta com odor freqüentemente fétido e característico.

As infecções bacterianas secundárias das lesões são comuns e se caracterizam por um macerado, por fístulas e úlceras. É visível grande quantidade de larvas. Os animais podem apresentar sinais de enfermidade sistêmica em decorrência da toxemia.

As larvas também podem envolver o olho, isso é conhecido como oftalmiíase.

A infestação severa com larvas cuterebriades múltiplas pode causar debilitação extrema e morte.

Larvas de moscas cuterebral também podem ser encontradas no cérebro de cães e gatos com sintomas neurológicos. Nestes hospedeiros anormais, a infecção se faz por uma larva migratória. As larvas normalmente maturam no tecido subcutâneo, mas podem fazer migração ectópica até o cérebro.


DIAGNÓSTICO

O diagnóstico baseia-se em uma história de abrigo fora de casa, sinais clínicos e presença de larvas nos ferimentos.


TRATAMENTO

O tratamento consiste na remoção das larvas intactas com pinças hemostáticas. Essa remoção deve ser realizada por um médico veterinário, pois apesar de parecer simples, necessita de vários cuidados, inclusive a utilização de agentes anestésicos. Deve-se evitar a ruptura da larva, podendo aplicar topicamente éter para anestesiar as larvas antes da remoção, facilitando a retirada.

Deve-se debridar completamente os ferimentos de tecido necrosado. Esses debris tissulares deverão ser removidos pela lavagem das feridas com uma solução de peróxido de hidrogênio ou de povidona iodada duas vezes ao dia, até que o problema tenha sido resolvido.

Podem ser mantidos cuidados auxiliares, o tratamento da ferida local e o uso de antibióticos sistêmicos.

PREVENÇÃO

Em animais mantidos fora de casa, o proprietário deve estar atento à presença de ferimentos. E quando estes existirem tratá-los para evitar que moscas pousem na lesão.

Além disso, é aconselhável a limpeza e desinfecção do ambiente para evitar a presença desses insetos.

Alguns medicamentos ministrados por via oral estão sendo testados com ótimos resultados para a prevenção da miíase.

Renata Moris Domenico - Estagiária 
Dr. Sidney Piesco de Oliveira - Orientador