Patrícia Maria Passarelli (1)

Dr. Sidney Piesco de Oliveira CRMV-SP 7208 (2)

1 - Acadêmica - UMESP - Estagiária da Clínica Veterinária "Anjo da Guarda"

2 - Médico veterinário autônomo. Clínica veterinária "Anjo da Guarda" www.anjovet.com.br
Presidente do Portal Veterinário Redevet www.redevet.com
CEO- Redevet Solutions
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1.Introdução

O TVT - Tumor Venéreo Transmissível é considerado uma neoplasia de células redondas da mucosa da genitália externa de cães machos e fêmeas, transmitido durante o coito, através da transferência de células neoplásicas de um animal para outro.

A patologia dá-se também por arranhaduras, lambeduras ou através do ato de cheirar o animal infectado.

Este tumor apresenta-se como uma massa ulcerada em aspecto de couve-flor que acomete além das genitálias, a cavidade oral, o pavilhão auditivo, baço, rim, fígado, pulmão, globo ocular, região anal, pele, faringe, encéfalo, ovários e prepúcio, mesmo sendo em menor freqüência.

A citologia revela alta celularidade. As células são arredondadas a ovóides de núcleos redondos e com numerosas figuras mitóticas. O citoplasma azul ou transparente contém vacúolos claros distintos e encontra-se circundado por uma membrana celular distinta.

O TVT tem baixo potencial metastático, sendo por isso mais facilmente combatido. A metástase pode ocorrer em linfonodos regionais ou possivelmente mais distantes.
Não há predileção racial ou sexual para o desenvolvimento da doença, a qual ocorre em animais sexualmente ativos, geralmente localizados em populações urbanas lotadas.

O Tumor Venéreo Transmissível genital é freqüente em países quentes e acomete de preferência cães jovens.
Nas fêmeas em estro, o suprimento sanguíneo vulvar aumenta, favorecendo assim, a predileção de implantações das células tumorais na região.

O TVT é considerado um tumor muito importante para as pesquisas nessa área, pois foi o primeiro tumor a ser implantado com sucesso através da implantação direta de células neoplásicas no animal.

Sabe-se que macrófagos e linfócitos têm importante função na destruição de células tumorais. Assim, a eficiência na debelação do tumor foi alcançada utilizando um indutor que ativa os mecanismos de imunidade contra agentes infecciosos.
Os TVTs podem ser solitários ou múltiplos, constituídos por massas friáveis, hemorrágicas, necróticas ou traumatizadas, semelhantes a couves-flores.

Redevet neoplasia vulvar transmissivel

Fig.1- Neoplasia vulvar transmissível


2.Sinais Clínicos

Os sinais clínicos variam conforme a sua localização. O local mais comum na cadela é a região caudal da vagina, na junção vestíbulovaginal, podendo provocar obstrução e disúria.

No macho, acorre mais comumente na região caudal do pênis, posterior ao bulbo e no prepúcio, podendo ocasionar fimose, disúria e parafimose no animal.

É comum haver lambeduras da genitália externa após um tipo sanguinolento de secreção vaginal e prepucial, secreção esta, que pode ser confundida com sinais de estro nas fêmeas. Pode ser associada a essa secreção, uma cistite ou peritonite, juntamente com o crescimento tumoral em forma de massa do órgão.

Cães com TVT, estão geralmente acometidos por bacteriúria no orifício uretral, favorecendo retenções de urina (disúria dita anteriormente).

O tumor lobulado, friável e sanguinolento localizado na região nasal, causa dispnéia, respiração com a boca aberta, epistaxe, corrimento nasal, espirros e edema local.

Uma vez instalado na cavidade nasal, o tumor pode invadir o palato mole e os alvéolos dentários.

No pênis, as lesões progridem para massas lobuladas e avermelhadas com sangue constante e aspecto de couve-flor ulcerada.

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Fig.2- Neoplasia do pênis e prepúcio de cão

Na pele, o TVT apresenta-se como nodulações isoladas ou múltiplas. Estas ulcerações de cores esbran-quiçadas, cinzas ou rosadas e avermelhadas no centro podem estar associadas à miíase e aos exsudatos purulentos.
A metástase do TVT é descrita como sendo baixa, facilitando a regressão espontânea do tumor.
Histologicamente, observa-se a regressão tumoral por uma infiltração de linfócitos, incluindo as células T, as quais são especializadas na destruição das células tumorais.
Na regressão espontânea da neoplasia, há a importância, também, das células B (plasmócitos que produzem IgG, IgG2 e IgG4) e os macrófagos que participam da resposta imune do tumor.


3. Diagnóstico

O diagnóstico para o TVT genital através dos sinais clínicos e exame histopatológico.
Quando o tumor está alojado em outras regiões, é necessário o estudo citológico para confirmação.

4.Tratamento

A excisão cirúrgica é efetiva em alguns animais. No entanto, a freqüência da recorrência após uma cirurgia e a dificuldade na obtenção de uma excisão completa em algumas localizações, torna a cirurgia uma má opção em muitos casos. No caso de TVT metastático, a cirurgia é inútil.

A quimioterapia é o tratamento de maior escolha no caso de tumores múltiplos ou metastáticos e também pode ser usada como um tratamento de primeira linha para tumores locais solitários.
São efetivos:

- A combinação de agentes quimioterápicos incluindo vincristina, ciclofosfamida e metotrexato.
- A terapia com vincristina a 0,025mg/Kg (máximo de 1mg).

A vincristina é um alcalóide que atua bloqueando a mitose e a metáfase no ciclo celular. Ela é extremamente tóxica, que chega a causar transtornos neurológicos e disfunções motoras, se utilizada em excesso. Podem ocorrer alopecia, leucopenia, trombocitopenia, anemia, poliúria, disúria, febre e sintomas gastrointestinais.


4.1 Cuidados

No manuseio da vincristina, deve-se tomar precauções , evitando o contato desta com a mucosa da pele, pois ela pode causar irritações e ulcerações dolorosas. A melhor forma de ser usada é seguindo as normas de paramentação completas, visando a proteção física do individuo.

Aconselha-se a utilização de luvas e botas de borracha, avental plástico ou de material impermeável com mangas longas, gorro e máscara de materiais impermeáveis e óculos de proteção. Essa paramentação deve ser estendida a todos os ocupantes da sala de quimioterapia.

4.2 Resultado quimioterápico
Na quimioterapia com vincristina, há 90% de recuperação dos cães tratados com dose de 0,5 - 0,7mg/m2 via endovenosa, uma vez por semana, durante mais ou menos um mês.

A utilização de vincristina é efetiva como terapia, com a vantagem de apresentar menos efeitos colaterais.

Em casos de tumores malignos, a vincristina (inibidora da mitose) responde melhor ao tratamento, se associada à ciclofosfamida, que interfere na síntese de DNA, e o metotrexato (anti-metabólico). Essa associação provoca índice de cura de aproximadamente 100%.

Pode-se associar também à vincristina, doses de Baypamun (medicamento distribuído pela Bayer), visando à cura rápida com menor dose de sulfato de vincristina, a fim de reduzir as possíveis reações adversas que podem ser provocadas por ele.

Nos casos resistentes à vincristina, a radiação é efetiva e pode ser usada como meio de tratamento único ou como coadjuvante à cirurgia. Porém, a maioria dos cães mostra uma resposta total após dose única do quimioterápico.


5.Conclusão

A diversidade na forma de apresentação da neoplasia, reforça a necessidade de biópsias e exames histopatológicos para um diagnóstico, prognóstico e tratamento adequados e eficientes na regressão e total eliminação das células tumorais.
O tratamento mais efetivo, até o momento, tem sido o tratamento quimioterápico com a utilização de vincristina, associada ou não a outras drogas.

Referências Bibliográficas

BIRCHARD, S.J.;SHERDING, R.G. Saunders manual of small animal practice - São Paulo: Roca, 1998.
REVISTA CLÍNICA VETERINÁRIA.Tumor Venéreo Transmissível canino na região de Alfenas, Minas Gerais: formas de apresentação clínico-patológicas, nº32, p.32-8. São Paulo: Editora Guará, 2001.
BOSTOCK, D.E.;OWEN, L.N. Neoplasia in the cat, dog and horse - Transmissible Veneral Tumour, p.68-0, pictures 123-124. London, 1975.
INTERNET: <http.//www.anclivepa-rs.com.br/index5.html>. Acesso em 21/01/02.

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